quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Alguns depoimentos...

"Já fiz dois abortos. Achava que nada ia acontecer e quase nunca tomava precauções na hora do sexo. Eu era apaixonada por um menino da escola, o Carlos, e, como sempre fui o patinho feio entre as amigas, fiquei deslumbrada quando ele quis ficar comigo. Fazia de tudo para ficarmos juntos e acabei engravidando. Quando soube da notícia, corri para a casa dele para contar e ver o que decidiríamos. Ele nem me atendeu. Chorei muito naquele dia e decidi tirar o bebê. Procurei uma clínica e fiz um aborto sem avisar ninguém. Como sempre trabalhei, dinheiro não foi problema. Fui e voltei sozinha da clínica e me sentia muito mal, culpada e suja. Fiquei um dia inteiro na cama sentindo dores, sangrando e chorando. Anos depois, ao reencontrar o Carlos, voltamos a ficar juntos e ele me pediu desculpas pela maneira como agiu. Disse que amigas em comum já tinham contado que eu estava grávida e que ele fugiu do problema. Ficamos juntos alguns meses e eu engravidei de novo. Tirei o bebê mais uma vez, na mesma clínica, sentindo o mesmo mal-estar e dores físicas e psicológicas. Desta vez, ele me ajudou a pagar. Sei que não tinha condições de criar o bebê e não me arrependo. Sinto dor por ter errado duas vezes."
Ana Pimenta (nome fictício), 29 anos, abortou aos 18 e 23 anos.

"Aos 21 anos fui morar em Londres. Assim que cheguei, conheci um muçulmano da Bósnia e fomos morar juntos porque estávamos namorando e seria bom dividir as despesas. Depois de alguns meses, engravidei. Conversamos sobre a possibilidade de ter um filho, mas ele foi criado em uma cultura muito diferente da minha e eu sabia que o nosso relacionamento não seria para sempre. Procurei um hospital e abortei, já que o aborto é legalizado por lá. Senti muita dor, chorei e me culpei pela situação de engravidar longe da minha família, estando ilegal em um país e de uma pessoa que me batia e estava muito distante de ser o que eu planejei para mim. Carrego a dor todos os dias comigo e nossa relação chegou ao fim um ano depois do aborto. Ele dizia que eu era culpada pela situação."
Carla Santos (nome fictício) tem 24 anos e abortou aos 22.

"Conheci meu ex-namorado e depois de três meses engravidei. Saber da notícia foi algo maravilhoso e apavorante ao mesmo tempo. Na mesma noite que fiquei sabendo, saí para conversar com um amigo e acabamos dançando felizes num clube noturno. Falamos sobre eu abortar e quais seriam as conseqüências. E também sobre eu assumir meu filho. Então decidi ter o bebê, até porque meu namorado assumiu a paternidade e fomos morar juntos. Depois que o meu filho completou três anos, nós nos separamos. Fiquei com o menino e o namorado saiu de casa, mas ainda tem contato com a criança (hoje com cinco anos) e assume seus deveres de pai. Abortar teria sido a pior decisão da minha vida. Graças a Deus, tenho o apoio da minha família."
Andréa Silva Constantin, 26 anos. 

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